Moçambique é um país com elevado nível de pobreza, marcado por profundas desigualdades sociais e económicas. As mulheres enfrentam barreiras de género estruturais que afetam todas as esferas das suas vidas. Normas sociais limitantes, violência baseada no género e assédio sexual influenciam o seu empoderamento económico. O acesso ao trabalho formal é bastante reduzido e a maioria das pessoas se dedica ao trabalho informal, particularmente as mulheres. Existem ainda grandes disparidades de género em termos de autonomia financeira, poder de tomada de decisão e possibilidades de ascensão profissional ou crescimento nos negócios. O trabalho reprodutivo que realizam na esfera doméstica e sua contribuição para a economia moçambicana não é reconhecido. O trabalho produtivo e reprodutivo que realizam na esfera pública é desvalorizado e mal remunerado. As mulheres são agentes económicos ativos, e muitas delas sustentam famílias inteiras sozinhas e/ou através da economia da solidariedade. A liderança e advocacia das mulheres e das organizações da sociedade civil tem sido crucial para o avanço dos direitos económicos das mulheres e sua participação em diversas associações económicas e de camponeses no meio urbano e rural. Contudo, a sua contribuição é invisibilizada e suas vozes ignoradas quando as políticas económicas são desenhadas.

Objectivos em Moçambique
A análise feminista é indispensável para desvendar, questionar e transformar normas culturais e sociais – formais e informais – bem como as “falsas soluções” presentes nos atuais modelos económicos, sociais e políticos. Em Moçambique, neste contexto, desenvolvemos uma pesquisa-ação-aprendizagem centrada na autonomia e resiliência económica das mulheres. O objetivo é aprender com as experiências existentes e estimular a criação de novas análises e estratégias que promovam o fortalecimento da autonomia e da resiliência económica feminina.